Registro que, a meu ver, o fato a ser apreciado neste julgamento é gravíssimo, mas bem menos nocivo ao país do que a decisão que entregou às “nações indígenas” mais da metade do estado de Roraima – território este, que, na prática, é controlada pelas ONGs internacionais. Se alguém duvida, e for brasileiro, que tente exercer seu direito de ir e vir nesta parte do território nacional para ver no que dá.
E as estripulias que FHC aprontou para aprovar a emenda da reeleição no Congresso nacional? O “mensalão” é café pequeno diante das peripécias aprontadas nesse outro caso, com o agravante de que, naquele tempo, a Policia Federal não costumava investigar “cachorro grande”, e o que sobrava, o procurador geral da República engavetada – tanto engavetava, que ficou conhecido como “engavetador geral da República.”
A verdade é que esse “julgamento do século” foi orquestrado pela grande mídia nacional, todas sediadas nas regiões Sul e Sudeste (que, pela primeira na história brasileira, têm dividido os investimentos federais de grande porte com a região Nordeste). Antes, se não me trai a memória, o maior investimento vindo para a terra de Luiz Gonzaga era o chamado “projeto emergência”, uma vez que os investimentos industriais promovidos pela Sudene eram exclusivos para os integrantes das oligarquias. Mas isso é outra história...
O fato é que, no julgamento, o que me saltou aos olhos foi a contundência com que o procurador Antonio Gurgel apontou o ex-deputado José Dirceu como chefe da quadrilha. O espanto maior me veio quando o mesmo procurador afirmou que não havia provas materiais contra o acusado, justificando que, em casos assim, o “criminoso” age na surdina. Eis as exatas palavras do procurador: “O autor dos chamados crimes organizados age entre quatro paredes. O autor intelectual quase sempre não fala ao telefone, não envia mensagens, não assina documentos e não movimenta contas”.
Desta forma, pelo ponto de vista do denunciante, o chefe da quadrilha poderia ser qualquer um de nós, que, com relação ao caso, não telefonamos, não enviamos mensagens e não movimentamos nenhuma conta suspeita. Nesse ponto, o procurador sustentou que a prova era testemunhal, com tanto valor quanto a prova material. O danado é que, na apresentação da acusação, o procurador só citou como prova os depoimentos de Marcos Valério e Roberto Jefferson, que são réus, não testemunhas, e o da esposa de Marcos Valério – ouvida na qualidade de declarante –, que disse ter escutado do marido a afirmação de que Zé Dirceu era o mentor do “mensalão”.
Se for só isso mesmo, será um prato cheio para a defesa. Aliás, o ministro revisor, Ricardo Lewandowski, já iniciou a divergência, votando pela absolvição de João Paulo Cunha e outros, em contraponto ao voto pela condenação do relator Joaquim Barbosa.
Neste diapasão, é bom que fique claro que tanto Ricardo Lewandowski quanto Joaquim Barbosa galgaram os degraus da mais alta Corte do País por nomeação do ex-presidente Lula. Registro isso só para alertar que a grande imprensa, querendo pôr conotação política no caso, já divulga que o ministro revisor foi nomeado pelo ex-presidente, ocultando que o mesmo ocorreu com o relator.
Problema maior restará para a sociedade se, por ventura Zé Dirceu e os demais acusados do núcleo político, forem absolvidos. O circo midiático trabalha incansavelmente pela condenação e, por conseguinte, parte da população aposta que, caso ela não aconteça, a justiça não terá sido feita. Gerando o descrédito.
Irresponsavelmente, a grande mídia brasileira prefere condenar sem provas a ter seus pontos de vistas e interesses contrariados.
Ao meu sentir seria bom que fossem condenados, aqueles que tiverem provas contra si, no tocante ao denunciado, e que fossem absolvidos aqueles que contra si não houver provas. Simples assim.