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(imagem da internet) |
O clima seco a cada ano
preocupa mais a população de várias regiões do Brasil, agravado,
principalmente, pelas secas e queimadas. A baixa umidade relativa do ar gera,
além de problemas de saúde, transtornos na vida de milhões de brasileiros.
Por isso, torna-se
imprescindível hidratar o organismo adequadamente com líquidos (água, água de
coco e sucos), manter a residência ou local de trabalho livres da poeira,
evitar a prática esportiva em horários em que o sol esteja mais forte e usar
soro fisiológico em narinas e olhos. Ainda é aconselhável colocar nos ambientes
vasilhas com água, toalhas molhadas ou umidificadores. Toda a atenção é pouca
com crianças e idosos, grupos de maior risco.
SÍNDROME DO OLHO SECO
Entre os principais prejuízos
ao corpo, o clima seco provoca dor de cabeça, sangramento das vias
respiratórias, maior incidência de asma e bronquite, além da síndrome do olho
seco.
Numa entrevista ao
programa “Vida Plena”, da Boa Vontade TV (canal 23 da SKY), o dr. Alessander
Tsuneto, oftalmologista, integrante da Associação dos Portadores de Olho Seco
(Apos), esclareceu que essa síndrome atinge de 10% a 15% dos indivíduos acima
dos 50 anos. É a segunda maior causa de atendimento nos consultórios, e muitos
desconhecem essa enfermidade. Alguns fatores, como cirurgia prévia, uso de
lentes de contato sem avaliação oftalmológica, diabetes, doenças reumáticas e
queimaduras, podem causar a secura ocular.
O médico também comentou
que a baixa umidade relativa do ar pode desencadear precocemente a doença. “Os
níveis saudáveis, segundo a Organização Mundial da Saúde, são em torno de 60%.
Li uma reportagem na internet falando que a umidade relativa do ar em São Paulo está abaixo
dos 20%. Só como curiosidade, no deserto do Saara é de 10% a 15%. Isso faz com
que aumente a evaporação das lágrimas e agrave o olho seco, ou quem não tem o
problema corre o risco de possuí-lo.”
Brasília já conhece bem
esses baixos índices.
Para o dr. Alessander, o
exame preventivo da síndrome do olho seco pode evitar graves doenças oculares,
inclusive a cegueira. “Tudo depende do grau de severidade. Se o paciente tiver
uma queixa leve, só um desconforto ou uma irritação ocular, a gente pode
tratá-lo somente com colírio ou pomada. Mas, se apresentar alguma gravidade,
pode ser até caso de cirurgia.”
DEFICIENTES VISUAIS
Durante o bate-papo, o
telespectador Lucas Fernando Gouveia, de Porto Alegre/RS, perguntou ao dr.
Alessander se pessoas com deficiência visual padecem com o problema. De acordo
com o oftalmologista, “mesmo uma pessoa que não enxerga, mas possui as
estruturas oculares e as glândulas que produzem a lágrima, pode ter alteração
da qualidade da lágrima e ter olho seco”.
DICAS E CUIDADOS
Ao fim da entrevista,
passou importantes dicas para que se saiba se os olhos estão ressecados. “O
paciente vai sentir algum grau de desconforto, o olho vermelho, uma irritação
ocular. Vai ser difícil piscar, porque, não tendo uma lágrima boa e suficiente
na pálpebra, ela não vai deslizar sobre o olho. Então, ela dá uma travadinha.”
Também alertou para o fato de que quem fica exposto ao ambiente com
ar-condicionado e os que exercem atividades no computador têm maior
probabilidade de adquirir a doença, já que o local fica mais seco por causa da
falta de umidade, e a fixação por demasia na tela do computador desestimula a
pessoa a piscar.
Outra questão de
relevância é o perigo da automedicação. “Só o oftalmologista vai saber se o
paciente tem o olho seco, que grau e qual colírio deve usar”, evidenciou. Mais
informações sobre o tema podem ser obtidas no site www.apos.org.br.
Cabe a todos nós, além
de informar a população dos riscos que corre com a baixa umidade atmosférica,
iluminar as mentes a respeito das graves consequências da seca e queimadas
provocadas pela ganância humana.
José de Paiva
Netto — Jornalista, radialista e escritor.