Um
consórcio internacional de pesquisadores concluiu que uma doença que
provoca febre hemorrágica aguda e que deixou dois mortos e uma pessoa
gravemente doente no verão de 2009 na República Democrática do Congo foi
provocada por um vírus até então desconhecido pelos cientistas.
O Bas-Congo (BASV), como foi denominado pelos especialistas, foi descrito em um artigo publicado nesta semana no periódico PLoS Pathogens.
O Bas-Congo (BASV), como foi denominado pelos especialistas, foi descrito em um artigo publicado nesta semana no periódico PLoS Pathogens.
O vírus
De acordo com o estudo, o Bas-Congo (no detalhe: Modelo de rhabdovírus) é
diferente de outros vírus que também infectaram pessoas na África e
provocaram mortes por febre hemorrágica aguda — como o Ebola e o Lassa.
Segundo os autores, o novo agente é geneticamente mais parecido com a
família dos rhabdovirus, que infectam mamíferos, insetos e plantas e
cujo membro mais famoso é o vírus causador da raiva. Mesmo entre essa
família, porém, o Bas-Congo se mostra muito distinto, já que desencadeia
sintomas graves de maneira muito rápida. A raiva, por exemplo, pode
demorar meses para se desenvolver após a infecção.
Essas
conclusões se basearam em testes de anticorpos realizados no único
sobrevivente entre os três que foram infectados pelo vírus e em outros
indivíduos que haviam tido contato com esse paciente. A pesquisa ainda
sugeriu que o Bas-Congo pode ser transmitido de uma pessoa a outra, mas
que provavelmente sua origem está em outra fonte, como um inseto ou um
roedor. Ainda não está claro, porém, que animal é esse e de que forma o
vírus é espalhado.
"O
fato de que o Bas-Congo pertence a uma família de vírus que infecta uma
grande variedade de seres vivos significa que ele pode existir
permanentemente em um inseto ou outro hospedeiro e que foi
acidentalmente transmitido aos seres humanos através de picadas de
insetos", afirma Nathan Wolfe, outro autor do trabalho.
O
consórcio de pesquisadores responsável por analisar o novo vírus é
composto por cientistas de instituições como a Universidade da
Califórnia de San Diego e de San Francisco, nos Estados Unidos, o Centro
Internacional de Pesquisas Médicas de Franceville, no Gabão, e o
Instituto Nacional de Pesquisas Biomédicas de Kinshasa, no Congo.
Histórico
Em
2009, um menino de 15 anos morador de uma pequena comunidade rural
localizada em Mangala, uma cidade da República Democrática do Congo,
ficou doente e apresentou sintomas como sangramentos no nariz e na
gengiva e vômitos. Após três dias dos primeiros sinais da doença, o
paciente morreu.
Uma
semana depois do caso do jovem, uma menina de 13 anos que morava no
mesmo bairro apresentou uma doença semelhante e também morreu três dias
depois do surgimento dos sintomas. O enfermeiro que cuidava dessa menina
passou a apresentar sintomas semelhantes, e foi logo transferido para
um hospital em uma cidade vizinha.