![]() |
(Carlinhos Cachoeira) |
Parlamentares de governo e oposição divergem sobre prazo de prorrogação.
Relator defende 48 dias para fechar relatório; para oposição, é insuficiente.
Na prática, se os pedidos forem arquivados, a CPI encerra a investigação sobre as relações do contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com agentes públicos e privados.
Oficialmente, a sessão desta quarta é a última prevista para a CPI, que tem até o próximo domingo (4) para encerrar os trabalhos, com a entrega do relatório final contendo as conclusões. Na sessão desta manhã, a comissão suspendeu os trabalhos sem marcar data de uma nova reunião administrativa.
Desde o início de outubro, parte dos integrantes da CPI defende a prorrogação dos trabalhos, mas não houve consenso sobre o prazo adicional. A oposição defende a extensão por mais 180 dias, mas a base governista, majoritária no colegiado, aceita apenas 45. Para prolongar os trabalhos, são necessárias assinaturas de 171 deputados e 27 senadores.
No final da manhã desta quarta, deputados da base protocolaram na Mesa
do Congresso Nacional pedido de prorrogação de 48 dias.
O prazo, segundo
ele, seria suficiente para a discussão do relatório final, que
apresenta propostas e recomendações ao Ministério Público.
O requerimento já tem a adesão 212 deputados e 34 senadores.
A
prorrogação só depende agora da conferência das assinaturas e da leitura
do pedido pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o que pode
ocorrer ainda nesta quarta, segundo o relator.
Odair Cunha disse que, caso o prazo de 48 dias seja confirmado, deve
ler e entregar o relatório em 20 de novembro. Ele não deixou claro, no
entanto, se neste prazo adicional novas quebras de sigilo ou convocações
poderiam ser aprovadas. "Foi uma forma que encontramos [requerimento]
de adiar [a CPI] enquanto o prazo estiver incerto", disse Odair.
saiba mais
A oposição, no entanto, já elaborou outro requerimento, que pede
prorrogação de 180 dias, mas esse pedido ainda não tem as assinaturas
necessárias. Para os oposicionistas, esse seria o prazo necessário para
aprovar quebras de sigilo e convocações.
"Esses 48 dias é o tempo da farsa. Nada mais vai ser investigado", disse o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS).
Para o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) o que ocorre é uma
enrolação. "O que ocorre é uma enrolação. Vocês estão assistindo a maior
vergonha do Congresso Nacional. É, descaradamente, uma forma de
encobrir um esquema de corrupção", disse o senador.
O relator, Odair Cunha, admitiu, no entanto, que se o pedido para o
prazo maior conseguir assinaturas necessárias, ele deve "prevalecer"
sobre o outro pedido, de prazo menor.
"O impasse parmanece. Se o requerimento de 180 tiver as assinaturas,
regimentalmente, ele prevalece [...] O prazo de 48 dias será para o
relatório", disse o relator.