A polícia irá investigar se na documentação apreendida na terça-feira
(30) durante operação da PM em Paraisópolis (zona sul de São Paulo) há
nomes de policiais militares que seriam alvos da facção criminosa PCC
(Primeiro Comando da Capital).
De acordo com o comandante do policiamento de choque da PM, coronel
Cesar Augusto Morelli, foram apreendidos vários documentos que seriam de
criminosos que vivem na favela.
Para o coronel, afirmar que um dos papéis apreendidos seria uma lista de
alvos policiais é precipitado e "poderia criar uma situação de neurose,
internamente (nas policiais) ou para toda sociedade".
Entre os papéis encontrados está uma carta datada de 8 de agosto de 2012
e intitulada "Salve Geral", expressão usada para alertar os integrantes
da facção sobre alguma orientação. Nela, o autor orienta a "irmandade" a
matar dois policiais para cada "irmão" morto.
"Se for executado um i. será executado 2 policial sendo os mesmos da mesma corporação que cometer o ato de covardia."
Em outro trecho as ações ordenados são justificadas da seguinte forma:
"Essas medidas estão sendo tomadas no intuito de nos defender, pois
somos homens de não iremos se intimidar de tal covardia(...)".
Reportagem publicada pela Folha no início do mês, mostrou que
documentos em poder da polícia e do Ministério Público de São Paulo
revelam que chefes da facção criminosa PCC deram ordens expressas para a
matança de policiais e que desde 2011 se estruturam para esses ataques.
Os papéis apreendidos ontem foram levados para o 89º DP (Portal do
Morumbi) e encaminhados para o DHPP (Departamento de Homicídios e
Proteção à Pessoa), que deverá fazer a investigação.
Reprodução | ||
carta PCC OPERAÇÃO DA PM
Subiu para 13 o número de suspeitos presos na operação que a Polícia
Militar faz na favela de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo. A ação
na comunidade começou na madrugada da última segunda-feira (29).
Apesar das prisões, a polícia não informou quais crimes teriam sido
praticados pelos suspeitos. A operação também já levou a apreensão de 12
armas de fogo, 196 munições, 16 kg cocaína, 130 kg de maconha, além de
50 unidades de drogas sintéticas.
Mais de 500 policiais militares participam da operação. Eles fiscalizam
veículos e revistam bolsas e mochilas nas estradas da favela. De acordo
com a PM, a ação visa combater roubos, furtos e o tráfico de drogas na
região, e não tem data para terminar.
Segundo o secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, a
ordem que resultou na morte de seis policiais militares em São Paulo foi
dada por Francisco Antonio Cesário da Silva, 32, o "Piauí", que chefia a
facção criminosa PCC e é da favela de Paraisópolis. Ele foi preso em
Santa Catarina em agosto.
Ao todo, 88 PMs foram mortos no Estado de São Paulo desde o início do
ano, mas o governo não admite ligação entre esses crimes. O comandante
da Polícia Militar de São Paulo, Roberval França, disse ontem que 37
desses casos tinham característica de crime encomendado.
Folha de S. Paulo |