Em essência, o deputado João Plenário se personifica no retrato da
corrupção brasileira, inspirada em muitos políticos. A demagogia e a
corrupção estão no sangue. Seu carisma atrai e chama a atenção pelos
gestos e pela roupa sempre em desalinho, deixando escapar dólares pelos
bolsos.
João Plenário é o verdadeiro palhaço da vida real. Retrata tudo
que os outros brasileiros veem nos noticiários, diariamente, de forma
cáustica. Usa linguagem corriqueira e um arrojado “politiquês”. Pelo que
se sabe, seu patrimônio foi construído acima de qualquer suspeitas.
Mulherengo, vive de olhos e mãos em suas secretárias, presenteando-as
prodigamente. Quando acuado, verbaliza palavras incompreensíveis e
indecifráveis sem nunca concluir o discurso. Sabe dizer exatamente o que
o povo deve ouvir.
Costuma construir semblantes faciais e posturas
corporais atribuídas a uma pessoa séria e que não são difíceis de
identificar em muitos políticos na vida real. Sua ironia é, enfim, uma
resposta ao humor cínico que se costuma construir num lugar em que os
cidadãos deveriam ser mais dignamente representados.
O Poder
Legislativo é considerado como um componente indispensável nos sistemas
considerados democráticos. Sem ele é difícil pensar a democracia. Porém,
com a ajuda de João Plenário, estamos descobrindo que a sociedade
brasileira está pagando um preço muito elevado para a manutenção deste
poder.
Estudos de ONGs costumam denunciar que a manutenção do Poder
Legislativo bicameral brasileiro é muito mais dispendiosa do que o de
muitos outros sistemas de países mais desenvolvidos do que o Brasil. É o
caso da Inglaterra, por exemplo.
Além disso, em outros lugares,
escândalos na área do Legislativo não são tratados com tanta tolerância.
Enquanto por lá, parlamentares pedem desculpas e ministros são
demitidos, por aqui aparece aquele que não está sequer se lixando para
quem financia seu trabalho. Sempre que ocorre algum escândalo, há toda
uma encenação descarada para encobrir a falta de vergonha.
E neste caso,
o que menos se houve, são pedidos de desculpas. Há sempre uma boa
desculpa cínica para nunca ter que se pedir uma desculpa decente.
Fonte:O Pipoco