Criada em 2005 por Netinho, a TV da Gente começou a funcionar em São Paulo, antes do então cantor e apresentador entrar para a política. Em 2007, passou a operar no Ceará nos municípios de Cascavel (a 67 quilômetros de Fortaleza) e Pacajus, onde há a suspeita de participação em desvios de dinheiro público. “Tudo indica que ela começou a ser transmitida lá já com esse objetivo”, afirma Rocha.
A empresa era administrada por pessoas ligadas ao ex-prefeito Philomeno Gomes Figueiredo (PSDB), preso desde o dia 15 de dezembro de 2011 devido às denúncias. Para evitar a cassação de seu mandato, ele renunciou ao cargo. As investigações da Procap já comprovaram o desvio de R$ 10 milhões dos cofres da prefeitura. Estima-se, contudo, que o rombo seja superior a R$ 40 milhões.
O esquema comandado pelo ex-prefeito era baseado em falsas licitações e emissões de notas fiscais frias que incluíam o aluguel de carros para os órgãos municipais. Com a ajuda de assessores, secretários, familiares e vereadores eram criadas empresas de fachada para ganhar leilões públicos da prefeitura e da Câmara de Vereadores. Contudo, os veículos usados, na verdade, eram de propriedade particular dos envolvidos.
Agora, a Fundação Educativa Eduardo Sá, que detém a concessão da TV da Gente, está na mira da procuradoria. A empresa de comunicação é conduzida por Levi de Paula, filho do vereador Netinho.
A TV é transmitida em Pacajus pelo canal 19. A programação gerada pela emissora é própria. O conteúdo é formado basicamente de notícias locais e videoclipes, além de propaganda de empresas locais e da prefeitura.
A reportagem do iG não conseguiu localizar o vereador Netinho nem seu filho Levi. Os advogados do ex-prefeito que está preso também não foram localizados.
Processo
O processo contra o ex-prefeito corria no Tribunal de Justiça do Ceará (TJ-CE). Como Philomeno Figueiredo renunciou ao cargo, ele perdeu o foro privilegiado e a ação irá para a Comarca de Pacajus.